Seguindo o caminho aberto há mais de três anos com a publicação de “As Tribos Calaicas – Proto-História da Galiza à Luz dos Dados Linguísticos”, o professor e académico do Instituto Galego de Estudos Célticos e Academia Galega da Língua Portuguesa, Higino Martins Esteves, torna a pesquisar e adentrar-se nesta obra nos estudos célticos aplicados ao âmbito peninsular e, particularmente, à Galiza.
Em palavras do próprio professor:
Os estudos célticos no campo hespérico arrastavam atraso tão notável que nenhuma circunstância económica ou política podia justificá-lo ou atenuá-lo. É que está disponível a chave maravilhosa para aceder ao país onde o passado não morre, que não é outra que a da língua céltica. Certo que as suas pegadas jaziam mudas e irreconhecíveis, esparsas na epigrafia, na obra dos antigos, na toponímia e no substrato das línguas, românicas, germânicas, basca ou mesmo eslavas do oeste.
Só faltava reunir o vasto labor feito pelos vultos dos estudos célticos de outras latitudes, quase nunca traduzidos, e sobretudo, tentar aplicar esses resultados ao campo peninsular. A colheita aí é facílima; chega debruçar-se para apanhar a mancheias o que pareceria que não se quis ver.
Mas esta não é hora de doer-se do que pôde ter sido, sim de fruir as maravilhas do alvor que tão gracioso se brinda. Por abundante a colheita é caótica. Pouco dá; as lacunas e incoerências aguilhoarão as revisões. O único destino feliz para um labor como este é ser ultrapassado.